Desde o início desta quarta-feira (16), mais de 500 atingidos pelo projeto da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu se reúnem na Igreja Matriz do município de Capitão Leônidas Marques, no sudoeste do Paraná, para debater sobre casos de violações de direitos na implantação de barragens, além de pensar estratégias organizativas de outras regiões que podem ser incorporados no local.

No período da manhã, o bispo da Diocese de Lages, em Santa Catarina, Dom Irineu Andreassa, relatou sua experiência na Usina Hidrelétrica Garibaldi. No cargo desde 2010, o bispo observou detalhes das violações cometidas às populações atingidas. “A situação da região é muito difícil, já observamos policiais sendo carregados nos carros da empresa. São mais de 200 famílias que ainda não foram indenizadas”, afirmou.

O bispo ainda defendeu uma Política para os atingidos que garanta que todos possam ser indenizados antes da construção das barragens. “Na minha opinião, não deveria ser iniciado a construção de nenhuma usina sem a indenização de todos os atingidos. É um absurdo. Isso é uma grilagem. Eles nunca deveriam começar uma obra sem indenizar toda a população. Eles tem recursos. Mas infelizmente na Usina Garibaldi, até as assistentes sociais são compradas”, afirmou Dom Irineu.

No período da tarde, o bispo da Diocese de Cascavel, no Paraná, Dom Mauro Aparecido dos Santos, também participou no debate com as famílias, ressaltando a importância da organização de todos os atingidos.

Também participaram da atividade representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESSOAR), do Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com interação Solidária (CRESOL), da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (FETAEP), da Diocese de Palmas e Francisco Beltrão e do STR de Capitão Leônidas Marques, Realiza e Planalto.

Baixo Iguaçu

A Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, localizada no sudoeste do Paraná, é controlada pelo Consórcio Geração Céu Azul, formado pela Neoenergia (70%) e Copel (30%). A construção da barragem, iniciada há cerca de quatro meses, não veio acompanhada da garantia de direitos das mais de 500 famílias que serão atingidas.

Diversas delas ficaram fora do cadastramento e não houve um processo de consulta. Além disso, as indenizações oferecidas são muito inferiores ao preço de mercado e nenhum programa previsto no Plano Básico Ambiental foi realizado.